Eis que cada dia mais se redescobrem, em meio às fileiras do que um dia foi a Ação Integralista Brasileira (AIB), cidadãos que, no decorrer de suas vidas, realizaram grande contribuição cultural e cívica em nome de Deus, da Pátria e da Família. Um desses casos foi o engenheiro e poeta, além de homem de ação, o companheiro Joaquim de Araújo Lima.
Como residente do estado de Rondônia, estado da federação no qual, quando ainda era Território Federal do Guaporé, foi governado por Lima, eu conhecia seu nome, mas não havia ainda tido a oportunidade de investigar a fundo sobre sua vida. Vasculhando alguns jornais na Hemeroteca Digital, decidi-me envolver na pesquisa da vida do governador poeta, com a finalidade de produzir este texto, a fim de que muitos mais descubram sobre esse vulto, que foi, certamente, um dos grandes dos estados de Rondônia e da Bahia.
Em abril de 1935, Lima torna-se o Chefe do Núcleo Provincial da AIB na dita província, substituindo Milcíades Ponciano Jaqueira. Durante a ocupação do cargo, Lima toma medidas em favor da educação da população baiana, especialmente contra o analfabetismo, além da realização de bandeiras através do interior da Bahia, difundindo a Doutrina do Sigma nos rincões baianos.
Colagem no jornal Alto Madeira, de Porto Velho, comemorando os feitos da administração de Araújo Lima no governo do Território Federal e das iniciativas de Aluízio na Câmara dos Deputados.
Em setembro de 1936, inicia-se a perseguição aos núcleos da AIB na Bahia, em razão da dita existência de um plano subversivo. O suposto plano — nunca comprovado — envolvia até mesmo o assassinato do militar interventor que fazia o papel de governador da província na época, Juracy Magalhães.
Lima foi preso, em princípio na Bahia, e, mais tarde, transferido para o Distrito Federal — até então o Rio de Janeiro —, sendo anistiado junto a seus companheiros no início da década de 40. Em 1941, Araújo de Lima desce o Rio Madeira em direção à Porto Velho, como chefe da Comissão de Estradas de Rodagem, onde, eventualmente, assumiria o cargo de diretor interino na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, substituindo Aluízio Pinheiro Ferreira, durante o contexto do Segundo Ciclo da Borracha, que ocorria em razão do desenrolar da Segunda Guerra Mundial.
No dia 9 de junho de 1948, é nomeado, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, indicado pelo próprio Aluízio, governador do Território Federal do Guaporé, o qual, mais tarde, tornou-se Território Federal de Rondônia e, consequentemente, Estado de Rondônia. Entre os feitos de sua administração, entram o Prédio do Relógio, sede administrativa da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a Maternidade de Porto Velho, o Palácio do Governo, além de levar a eletricidade para alguns municípios do interior, como Ariquemes e os distritos da E.F.M.M.
Mais além, ocupando o cargo de governador, Araújo Lima deu continuidade na sua empreitada educacional, já iniciada como chefe provincial da AIB na Bahia. Inaugurou várias escolas, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Incluindo a Escola Carmela Dutra, na cidade de Porto Velho, de segundo grau.
Em 1950, sai do cargo de governador do Território Federal, indo morar com sua família em Brasília. Morre no ano de 1972. Seu corpo foi trazido de Brasília à cidade de Porto Velho, onde está enterrado no cemitério São José.
Era também apreciador das artes. Escreveu diversos poemas, entre eles o poema “Céus de Rondônia”, que, no ano de 1981, quando o território foi promovido à Estado da Federação, tornou-se o hino oficial.
Ao companheiro Joaquim de Araújo Lima: Anauê!
Autor: João Guilherme.